domingo, 31 de julho de 2011

Nova função da vitamina C no olho e no cérebro

As células nervosas do olho precisam de vitamina C, de forma a funcionarem correctamente - uma descoberta surpreendente que pode significar que a vitamina C é necessária em outras partes do cérebro para o seu funcionamento, de acordo com um estudo realizado por cientistas da Oregon Health & Science University, recentemente publicado no Journal of Neuroscience. "Descobrimos que as células da retina precisam de doses relativamente altas de vitamina C, dentro e fora das mesmas, para funcionar adequadamente", disse Henrique von Gersdorff, cientista sénior do OHSU’s Vollum Institute e co-autor do estudo. "Como a retina é parte do sistema nervoso central, isto sugere que é provável um papel importante para a vitamina C em todo o nosso cérebro, num grau que ainda não se tinha percebido antes."
O cérebro tem receptores especiais, chamados de receptores tipo-GABA, que ajudam a modular a comunicação rápida entre as células no cérebro. Os receptores do GABA no cérebro funcionam como um "travão" para os neurónios excitatórios no cérebro. Os investigadores descobriram que esses receptores tipo-GABA nas células da retina deixam de funcionar correctamente quando a vitamina C é removida.
“Uma vez que as células da retina são uma espécie de célula cerebral muito acessível, é provável que os receptores tipo-GABA noutras partes do cérebro também precisem de vitamina C para funcionar correctamente”, afirmou von Gersdorff. “E porque a vitamina C é um antioxidante natural de grandes proporções, é possível que ele preserve os receptores e as células de alterações prematuras”.
A função da vitamina C no cérebro ainda não é bem compreendida. Na verdade, quando o corpo humano fica privado de vitamina C, a vitamina permanece no cérebro mais do que em qualquer outro lugar no corpo. "Talvez o cérebro seja o último lugar que você quer perder a vitamina C," disse von Gersdorff. “As descobertas também podem oferecer uma pista sobre o porquê de o escorbuto - que é uma consequência de uma grave falta de vitamina C – apresenta determinadas consequências”. Um dos sintomas comuns do escorbuto é a depressão, que pode advir da falta de vitamina C no cérebro.
As descobertas podem ter implicações para outras doenças, como o glaucoma e a epilepsia. Ambas as condições são causadas pela disfunção das células nervosas da retina e do cérebro que se tornam mais activas em parte porque os receptores GABA poderão não estar a funcionar correctamente.
"Por exemplo, talvez uma dieta rica em vitamina C possa ser neuroprotectora para a retina - para pessoas que são especialmente propensas ao desenvolvimento de glaucoma", disse von Gersdorff. "Isto é especulativo e ainda há muito o que aprender. Mas esta pesquisa fornece algumas pistas importantes e poderá levar à criação de novas hipóteses e potenciais estratégias de tratamento".
Este trabalho com a vitamina C foi efectuado em células de retinas de peixinhos dourados, pois apresentam a mesma estrutura biológica geral que as retinas humanas.

Fonte: E! Science News

sábado, 30 de julho de 2011

A recompensa do sal ou da cocaína

Instintos primordiais que levam os animais a procurar o sal podem ser regidos pelo mesmo mecanismo que leva os viciados em drogas a procurar as mesmas.
Investigadores privaram murganhos e ratos de sal, e de seguida ofereceram-lhes água salgada para beber. Depois de matarem os animais, examinaram a actividade genética no hipotálamo, o centre de “recompensa” do cérebro. Descobriram que os genes de gratificação tinham sido activados - os mesmos genes que são activados em dependentes de cocaína e heroína quando o seu desejo é satisfeito. Quando a equipa de investigação utilizou uma droga para bloquear os efeitos da dopamina, o neurotransmissor associado a sensações de prazer, os animais não beberam a água salgada. Isto sugere que o desejo de procurar o sal está de facto ligado ao mecanismo de recompensa. Este estudo foi publicado na revista PNAS.
A descoberta pode abrir novos caminhos para tratar as dependências. "Não estamos a dizer que os novos dados nos dizem como curar as dependências, mas que aponta para novos caminhos de investigação", diz o membro da equipa Derek Denton, da Universidade de Melbourne, na Austrália.

Fonte: New Scientist

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Descoberta gravação de boneca falante antiga

Na gravação, uma mulher não identificada recita um verso da canção de embalar "Twinkle, twinkle, little star". A gravação, com 123 anos, não era ouvida desde o tempo de Edison. A gravação representa um marco significativo na história inicial da tecnologia do som gravado.

Recuperação e identificação do som
O registo de metal está significativamente distorcido da sua forma original cilíndrica. Por esta razão, curadores do Thomas Edison National Historical Park foram incapazes de reproduzir a gravação usando métodos convencionais. No Lawrence Berkeley National Laboratory, o cientista sénior Carl Haber e o engenheiro de sistemas Earl Cornell usaram uma tecnologia de scan óptico 3D, desenvolvida durante 2007-2009, em colaboração com a Biblioteca do Congresso, para criar um modelo digital da superfície da gravação. Com este modelo digital, usaram métodos modernos de análise de imagem para reproduzir o áudio armazenado na gravação, salvando-o como um arquivo de áudio WAV em formato digital. Foram capazes de recuperar tudo, menos a primeira sílaba da primeira palavra da gravação. Quando foi possível ouvir a a gravação, o historiador Patrick Feaster da Universidade de Indiana desempenhou um papel fundamental na identificação e na datação da gravação através de referências relevantes entre os documentos de arquivo. O investigador René Rondeau da Corte Madera, Califórnia, providenciou uma assistência de verificação de factos adicional.

Gravações em bonecas falantes feitas de estanho

Em busca de um mercado para a sua invenção, o fonógrafo, Edison tentou primeiramente criar bonecas falantes, durante 1888. O modelo protótipo descrito em notas de laboratório e artigos de jornais, publicados entre Setembro e Dezembro daquele ano, era diferente por usar um registo feito de estanho sólido. Em Novembro de 1888, o New York Evening Sun anunciou que as bonecas falantes de Edison tinha sido "aperfeiçoadas" e que "não resta mais nada senão fabricá-las em grandes quantidades." Nenhum método comercialmente viável de duplicação de gravações de som tinha ainda sido desenvolvido, de modo que Edison contratou mulheres com vozes adequadas para fazer tantos registos quantos os que ele pensou que seriam necessários assim que as bonecas fossem colocadas à venda: "Havia duas senhoras jovens na sala... que estavam sempre a falar com as máquinas minúsculas falantes, que um operário qualificado foi transformando em grande número. "
Importância da Gravação
De acordo com Feaster, este relatório do New York Evening Sun assinala a primeira vez que alguém foi contratado especificamente para actuar para o fonógrafo, portanto, essas mulheres foram as primeiras artistas do mundo da gravação profissional. Se o objectivo era o de armazenar esses registos de estanho "em grandes quantidades" para suprir a eventual necessidade para as bonecas falantes, como o New York Evening Sun, então elas podem também ter sido as primeiras gravações fonográficas fabricadas para venda ao público, apesar de nunca terem sido realmente vendidas.

Mais de um ano depois, em Abril de 1890, Edison colocou a primeira boneca falante à venda. Nessa altura, porém, ele tinha mudado o projecto, de forma a usar registos feitos de cera, em vez de estanho. As bonecas não conseguiram vender-se porque se quebraravam muito facilmente - em parte devido à fragilidade dos registos. Não é conhecido porque é que Edison mudou os registos de estanho para cera.

Proveniência do Artefacto
Os curadores do National Park Service catalogaram o objecto pela primeira vez em 1967, quando foi descoberto entre os objectos deixados na mesa do secretário de Edison, William H. Meadowcroft, localizado na biblioteca do Laboratório de Edison em West Orange, New Jersey. Na etiqueta de papel encontrada amarrado ao cilindro lia-se: "Fonógrafo cilíndrico de estanho [...] Gravar.". O artefacto é o único exemplo de uma gravação de uma boneca falante de 1888.
Para ouvir a gravação:

www.nps.gov/EDIS/photosmultimedia/falando-boneca-record-ouvir-the-recording.htm

Fonte: Science Daily

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Água oxigenada no espaço

Um grupo de astrónomos encontrou moléculas de peróxido de hidrogénio (H2O2), ou água oxigenada, no espaço. A descoberta pode permitir um salto quantitativo para o conhecimento acerca da formação da água (H2O), vital para a vida, no universo. O artigo foi publicado na revista Astronomy & Astrophysics recentemente.
A equipa, formada por astrónomos do Observatório Espacial Onsala e das universidades de Estocolmo e Tecnológica de Chalmers, todos na Suécia, e do Instituto Max-Planck na Alemanha, fez a descoberta utilizando o telescópio Atacama Pathfinder Experiment (APEX) do Observatório Sul-Europeu (ESO), localizado a cinco mil metros de altura nos Andes chilenos.
O local da descoberta situa-se próximo da estrela Rho Ophiuchi na nossa galáxia Via Láctea, a cerca de 400 anos luz de distância. Esta região contém densas nuvens muito frias (por volta de -250ºC) de gás e poeira, onde novas estrelas nascem. A maior parte destas nuvens é o principal alvo de investigação de astrónomos por ser composta por hidrogénio e traços de outros elementos químicos. Telescópios como o APEX, o qual faz observações de comprimento de luz em milímetros – e submilímetros – são ideais para detectar os sinais que vêm destas moléculas. Devido às qualidades do APEX, a assinatura característica de luz emitida por moléculas de peróxido de hidrogênio pode ser captada.
Segundo o astrónomo do Observatório Espacial de Onsala, Per Bergman, “os investigadores sabiam, por experiências laboratoriais, quais os comprimentos de onda a procurar, mas a proporção de peróxido de hidrogénio na nuvem é de apenas uma molécula para cada 10 biliões de moléculas de hidrogénio. Isto requer observações muito cuidadosas”.
O peróxido de hidrogénio (H2O2) é uma molécula chave porque a sua formação é muito parecida com a de outras duas moléculas familiares, oxigénio e água, indispensáveis para a vida. Acredita-se que a grande parte da água no nosso planeta tenha sido formada originalmente no espaço. Em virtude desta suposição, os cientistas interessam-se muito em compreender como é que ela é criada.
Supõe-se que o peróxido de hidrogénio seja formado no espaço nas superfícies de grãos de poeira cósmica — partículas muito finas semelhantes à areia e à cinza — quando o hidrogénio (H) é adicionado às moléculas de oxigénio (O2). Uma reacção mais intensa do peróxido de hidrogénio com hidrogénio é uma forma de produzir água (H2O). Portanto, esta nova detecção de peróxido de hidrogénio, poderá ajudar os astrónomos a entender melhor a formação da água no universo.
O astroquímico Bérengère Parise, do Instituto Max-Planck e co-autor do artigo, explica que “ainda não se sabe como a maioria das moléculas na Terra são criadas no espaço. Mas a descoberta do peróxido de hidrogénio, utilizando o telescópio APEX, parece mostrar que a poeira cósmica é o ingrediente que estava a faltar no processo”.
A nova descoberta de peróxido de hidrogénio pode também ajudar os astrónomos a entender outro mistério interestelar: por que é que moléculas de oxigénio são tão difíceis de ser encontradas no espaço?

Fonte: Ciência Diária

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Fungos: inquilinos indesejados

Um grupo de investigadores de instituições da Eslovénia, Holanda e China colheu amostras de vedações de borracha dentro de 189 lava-louças em 18 países e descobriu que 62% dos aparelhos continham fungos. O relatório será publicado na revista Fungal Biology.
Os autores do estudo observaram que não foi constatada nenhuma infecção causada por lava-louças nos lares estudados, mas os fungos não são inteiramente benignos. Os do género Exophiala, encontrados em 35% dos lava-louças testados, podem formar colónias nas vias aéreas de pacientes com fibrose cística. Outros fungos foram encontrados, menos predominantes mas capazes de causar infecções em indivíduos com enfraquecimentos no sistema imunológico. “Deve-se dar atenção especial a esse habitat sobretudo em alas de hospitais com pacientes imunocomprometidos”, explicam os pesquisadores.
O lava-louça é um bom lugar para os fungos se instalarem: húmido e quente – e tem matéria orgânica abundante para alimentá-los, na forma de restos de comida. Mas esses microrganismos precisam ter muita resistência para aguentar os picos ocasionais de calor extremo, assim como a alcalinidade e o conteúdo de sal dos detergentes. Em testes de laboratório, os investigadores descobriram que o Exophiala dermatitidis e o Exophiala phaeomuriformis toleram uma ampla gama de temperaturas, níveis de pH e concentrações de sal. Ou seja, têm um grau da chamada poliextremotolerância nunca antes detectado em fungos. Nesse sentido, os fungos de lava-louça são algo como “extremófilos domésticos”, formas de vida que ocupam nichos aparentemente inóspitos ao redor do globo, de cáusticos respiradouros hidrotermais nas profundezas dos oceanos a desertos frígidos. Os extremófilos são um tema constante de estudos: demonstram o quanto a vida é adaptável e oferecem esperança de que outros planetas, mesmo diferentes da Terra, sejam habitáveis.
A predominância de fungos em lava-louças varia amplamente de lugar para lugar, e o fornecimento de água pareceu desempenhar um papel relevante no que concerne à formação de colónias. Os fungos Exophiala, por exemplo, foram encontrados, na maioria dos casos, em lugares com água dura ou de dureza média – ou seja, água com altos índices de minerais dissolvidos, como cálcio e magnésio.
Nos Estados Unidos, os fungos estavam presentes nos seis aparelhos testados; no Canadá, também em seis, dos sete testados. A Europa mostrou-se menos “hospitaleira”: apenas um dos dez lava-louças italianos estava infectado, e todos os cinco espanhóis não apresentaram a presença dos fungos.

Fonte: Scientific American

terça-feira, 26 de julho de 2011

Os narcisistas não têm problemas de percepção da realidade

Os narcisistas consideram-se seres supostamente incríveis, mas eles não vêem o mundo inteiramente através de “óculos cor de rosa”.
Estes sultões da auto-estima conseguem avaliar suas próprias personalidades e reputação com precisam, afirma a psicóloga Erika Carlson, da Universidade de Washington em St. Louis. A equipa de Carlson descobriu inesperadamente que os narcisistas reconhecem o seu próprio narcisismo e assumem que a sua atitude arrogante pode incomodar os outros.
Além disso, os narcisistas tendem a perceber que provocam boas primeiras impressões que rapidamente se degradam, relatam os pesquisadores na revista Journal of PErsonality ans Cosial Psychology (num artigo intitulado You probably think this paper’s about you).
Traços narcísicos incluem arrogância, sentimento de terem direito a tratamento especial, falta de preocupação com os sentimentos dos outros, exagerar a inteligência de alguém, e esperar ser reconhecido como superior em todas as situações. Casos extremos podem ser diagnosticados como transtorno narcisista de personalidade. Os narcisistas podem adoptar a atitude do arquitecto do século 20 Frank Lloyd Wright, que uma vez disse que escolheu "arrogância honesta" em vez de "humildade hipócrita" no início da vida.
"Os narcisistas parecem escolher a arrogância honesta ao descrever-se a si mesmo e às suas reputações", diz Carlson.
Em contraste, muitos pesquisadores acham que os narcisistas adoçam a forma como eles se consideram - realmente acreditam, por exemplo, que eles são jogadores humildes de equipa - e assumem que os outros têm alta consideração por eles.
Carlson mostra, no entanto, que os narcisistas "têm ideias exactas do seu carácter", observa o psicólogo W. Keith Campbell, da Universidade da Geórgia, em Athens. Mas auto-adoradores pode também enganar-se, acrescentou Campbell, como quando se consideram responsáveis exclusivos dos sucessos da sua equipa, ou quando culpam os outros por falhas pessoais e sobre-estimam a sua própria criatividade e atractividade física.
As ideias dos narcisistas sobre as suas próprias personalidades e reputações, combinadas com a exagerada auto-estima, sugerem que eles vêem a arrogância e características relacionadas como pontos positivos da personalidade digna de apreciação por parte dos outros, afirmou Mitja Back, psicólogo na Universidade Johannes Gutenberg de Mainz, na Alemanha.
É preciso um psicoterapeuta especializado para ajudar os pacientes a mudar as suas maneiras narcisistas sem despertar a ira defensiva, diz Campbell. "Um dos grandes problemas da terapia com os narcisistas é que eles normalmente desistem".
As novas descobertas sugerem uma estratégia alternativa para psicoterapeutas, diz Carlson. Narcisistas que sabem que os outros os vêem negativamente podem beneficiar de aprender como a bondade e abnegação podem melhorar na sua necessidade de status social.
A equipa de Carlson examinou as percepções de universitários de pares narcisistas, após uma primeira reunião, um exercício de aula e em reuniões semanais de grupo realizadas ao longo de um semestre. Outra experiência analisou a percepção de recrutas da Força Aérea dos EUA para pares narcisistas, no final de seis semanas de treino básico.
Os participantes classificaram a sua personalidade e a de outros, de modo que a medida em que cada pessoa conhecia sua reputação pode ser estimado.
Quase 2% dos voluntários foram identificados como narcisistas nos auto-relatos. Outros 4% revelaram vários traços narcisistas.

Fonte: Science News

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Vida e morte de estrelas em superbolha cósmica

Uma imagem espectacular de uma nova superbolha cósmica numa galáxia vizinha está a fornecer pistas aos cientistas sobre o nascimento e morte de estrelas jovens e sistemas solares.
A imagem, capturada pelo Very Large Telescope do European Southern Observatory no Chile, mostra uma nebulosa gigante em torno de um aglomerado de estrelas chamado NGC-1929, localizado na Grande Nuvem Magellanic. A nebulosa, oficialmente conhecida como 44-LHA-120-N, mede 325 por 250 anos-luz.
A imagem é composta por três fotografias tiradas em diferentes comprimentos de onda. Isto permite aos cientistas estudar os efeitos dos elementos individuais emissores de luz no interior da nebulosa e ver estruturas que de outra forma não seriam visíveis.
O Dr. Watson do Observatório Astronómico Australiano diz que se está a assistir ao nascimento e à morte de estrelas e sistemas solares num único instante.
"Estrelas jovens muito quentes emitem luz ultravioleta intensa, o que faz com que o gás em volta comece brilhar", diz Watson. "O vermelho vem da emissão de hidrogénio, enquanto o rosa e roxo são de hélio e oxigénio." Watson diz que a bolha é formada por duas forças. "Primeiro, há poderosos ventos estelares gerados pelo nascimento de estrelas jovens agrupadas perto do centro da estrutura. Estes ventos sopram afastando gás e poeira esculpindo uma cavidade no meio interestelar", diz ele. "Em segundo lugar, algumas dessas estrelas jovens têm uma vida muito curta, morrendo em explosões de supernovas espectaculares que empurram ainda mais para fora as paredes da bolha."
Watson diz que as regiões mais escuras são provavelmente poeira. "Existem áreas em torno da borda da bolha onde a formação estelar está a ocorrer. Na verdade há uma parte da bolha onde se pode ver um nó de estrelas jovens brilhantes e, possivelmente, novos sistemas solares a nascer."
"Todas estas informações vêm do que, à primeira vista, parece apenas uma imagem bonita".

Fonte: ABC Science

domingo, 24 de julho de 2011

Nova técnica aumenta a eficiência de produção de células sanguíneas a partir de células estaminais humanas


Cientistas do Instituto Salk para Estudos Biológicos, desenvolveram uma técnica para originar um grande número de células sanguíneas a partir de células do próprio paciente. A nova técnica será imediatamente útil em estudos com células estaminais e, mais ainda, quando aperfeiçoada poderá vir a ser usada em terapias com células estaminais numa ampla variedade de condições, incluindo cancro e doenças imunológicas. "Existem outras melhorias que precisamos fazer, mas isto é um passo importante para o objectivo final, que é a capacidade de recolher células normais de um paciente, induzi-las a transformarem-se em células estaminais, e, posteriormente, utilizar essas células estaminais para reconstruir os tecidos perdidos ou doentes, por exemplo, da medula óssea do paciente ", diz M. Inder Verma, PhD, professor de Biologia Molecular do Salk Institute Laboratory of Genetics. Verma é o autor responsável pelo estudo, publicado na revista Stem Cells.
Os investigadores de células estaminais andavam na corrida por este objectivo desde 2006, quando as técnicas para transformar células de pele comuns em células estaminais pluripotenciais induzidas (iPSCs) foram divulgadas. As iPSCs imitam as células estaminais embrionárias (CES) a partir do qual os organismos se desenvolvem. Os investigadores querem agora descobrir as quais os factores necessários para induzdir as iPSCs a amadurecer em células estaminais específicas para um determinado tecido. Estas últimas são auto-renováveis, podendo ser transplantadas, multiplicando-se localmente e produzindo células do tecido maduro.
No entanto, os investigadores ainda não sabem como induzir as iPSCs para se tornarem células estaminais de tecidos específicos ou células de tecidos maduros, com alta eficiência. "Temos vindo a produzir essas células em quantidades que são muito baixas para que possam ser estudadas com facilidade, muito menos usadas para terapias", diz Aaron Parker, um investigador no laboratório de Verma, que é co-autor do artigo.
Como muitos outros laboratórios de pesquisa de células estaminais, o laboratório de Verma vem tentado encontrar formas mais eficientes para transformar as iPSCs em células estaminais hematopoiéticas (HSCs). Estas podem ser mais valiosas do que quaisquer outras células estaminais de tecidos específicos, pois podem providenciar não só o transporte de oxigénio (pois originam glóbulos vermelhos) mas também todos os glóbulos brancos do sistema imunológico. "Haveria um número quase ilimitado de aplicações para as HSCs", disse Verma.
Para o presente estudo, a equipa de pesquisa procurou criar um ambiente que melhor imita as condições que naturalmente promovem a mudança de CES para HSCs. "Pegamos em sete linhas de CES humanos e iPSCs, e experimentamos diferentes combinações e sequências de factores de crescimento e outros compostos químicos que são conhecidos por estar envolvidos na passagem das CES para HSC num ser humano em desenvolvimento", diz Parker.
Aplicando cocktails desses factores, Parker, Woods e os seus colegas induziram as iPSCs e CES a formar colónias de células, que apresentavam os marcadores moleculares característicos das células sanguíneas. Com a melhor combinação dos factores, foi possível detectar marcadores específicos do sangue em 84% das células, após três semanas. "Isto é um grande salto em eficiência em comparação com o que se obtinha há uns anos atrás", diz Parker.
A técnica ainda tem margem para melhorias. Os investgadores detectaram células progenitoras e células maduras de apenas uma categoria ou linhagem: células mielóides, que incluem as células vermelhas do sangue e células do sistema imunológico primitivo como os macrófagos. "Nós não vimos quaisquer células da linhagem linfóide, ou seja, as células T e células B", diz Parker.
Outra desvantagem é que a população de células do sangue produzida a partir de CES e iPSCs continha progenitores e células sanguíneas maduras com vida curta mas não HSCs transplantáveis e com capacidade de renovação indefinida. Segundo acreditam os investigadores, o cocktail de factores de crescimento poderá ter levado a uma passagem demasiado rápida do estado de HSC para o estado de progenitores hematopoiéticos, ou então promovido uma maturação que passou por cima de algumas fases do estado HSC.
A partir dos resultados deste e de outros laboratórios, a equipa levantou a hipótese da existência de um estado intermediário, do género de células estaminais pré-hematopoiéticas, produzido pelas CES e iPSCs, produzindo HSCs. "Sabemos que as HSCs aparecem numa determinada região de mamíferos durante o desenvolvimento embrionário, e a nossa ideia é que essas células estaminais pré-hematopoiéticas estão lá e são de alguma forma levadas a maturar em HSCs", diz Parker. "Assim, o nosso laboratório está actualmente a investigar quais os sinais de maturação que são precisos para a produção dessas HSCs maduras e transplantáveis."
Uma vez conseguido isso, os investigadores terão de fazer uma série de aperfeiçoamentos para melhorar a segurança das HSCs destinado a pacientes humanos. "Mas estamos agora mais perto de nosso objectivo final", diz Verma.

Fonte: E! Science News

sábado, 23 de julho de 2011

Microsoft revela acidentalmente planos para rede social

Ao que parece a Microsoft está a planear entrar nas redes sociais. Após o recente lançamento do Google +, a Microsoft disponibilizou acidentalmente um site chamado Tulalip. O site já foi retirado, mas o site de tecnologia Fusible conseguiu captar alguns detalhes.
A página inicial revela aos visitantes de que se trata o site: "Com Tulalip pode encontrar o que precisa e compartilhar o que sabe de uma forma mais fácil do que nunca". Os usuários podem entrar com a sua conta do Facebook ou Twitter - perfis Microsoft não parecem ser uma opção.
Visitando agora o site no domínio socl.com revela que o site não estava pronto para exibição pública. No site é apresentada a seguinte mensagem "Obrigado pela visita. Socl.com é um projecto de design interno de uma equipa na Microsoft Research, que foi erroneamente publicado na web. Nós não o quisemos divulgar."
Não está claro quando ou se o Tulalip ressurgirá, mas é possível que o site seja renomeado para o lançamento oficial. O nome vem de um grupo de tribos nativas americanas localizado perto da sede da Microsoft em Redmond, Washington, mas não tem o impacto de outras marcas da Microsoft existentes on-line, como Bing ou Live - SOCl, o nome de domínio, parece muito mais provável.

Fonte: New Scientist

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Reescrevendo o código genético…

"A recompensa não vem realmente de fazer uma cópia de algo que já existe", disse George Church, professor de genética na Escola Médica de Harvard, que liderou o trabalho de investigação em colaboração com Joe Jacobson, professor associado do Laboratório de Media do Institute of Technology de Massachusetts. "É preciso mudá-lo… Funcionalmente e radicalmente".
Tal mudança, segundo Church, serve três objectivos. O primeiro é para adicionar funcionalidades a uma célula, de codificação de novos aminoácidos. O segundo é a introdução de salvaguardas que impeçam a contaminação cruzada entre organismos geneticamente modificados e os selvagens. O terceiro objectivo, é estabelecer multi-resistência viral através da reescrita de sequências de vírus. Em indústrias que efectuam culturas de bactérias, incluindo as de produtos farmacêuticos e energia, tais vírus afectam até 20 por cento das culturas. Um exemplo notável atingiu a empresa de biotecnologia Genzyme, onde as estimativas de perdas devido a contaminação viral passaram de algumas centenas de milhões de dólares para mais de 1 bilião.
Num estudo publicado na revista Science, os investigadores descrevem como conseguiram alterar um codão – uma "palavra" do DNA com três letras de nucleótidos - em 32 estirpes de E. coli, e depois induziram essas estirpes parcialmente editadas a percorrerem um longo caminho evolutivo em direcção a uma linha celular única na qual todas 314 ocorrências desse codão tinham sido substituídos. “Estas sucessivas edições ultrapassam os métodos actuais por duas ordens de grandeza”, disse Harris Wang, pesquisador no laboratório de Church no Instituto Wyss que compartilha o papel de autor com Farren Isaacs, professor assistente de biologia molecular, celular e biologia do desenvolvimento na Universidade de Yale e ex-pesquisador de Harvard, e Peter Carr, um cientista da pesquisa no MIT Media Lab.
No código genético, a maioria dos codões especificam um aminoácido, um bloco de construção de proteínas. Mas alguns codões dizem à célula quando parar de acrescentar aminoácidos a uma sequência proteica, e foi um desses codões stop que os pesquisadores de Harvard alteraram. Com apenas 314 ocorrências, o codão stop TAG é a “palavra” mais rara do genoma da E. coli, tornando-se um alvo principal para a substituição. Usando uma plataforma denominada multiplex automated genome engineering, ou MAGE, a equipa substituiu as ocorrências do codão TAG por outro codão stop, TAA, em células vivas de E. coli. (Revelado pela equipa em 2009, o processo MAGE tem sido apelidado de máquina de evolução, devido à sua capacidade de acelerar a alteração genética em células vivas.)
Enquanto o MAGE, um processo de engenharia de pequena escala, originou células em que os codões TAA substituiram alguns mas não todos os codões TAG, a equipa construiu 32 estirpes que, em conjunto, incluiram todas as substituições TAA possíveis. Então, usando a capacidade inata das bactérias “comercializarem” genes através de um processo chamado conjugação, os investigadores induziram as células a transferirem os genes contendo codões TAA em escalas cada vez maiores. O novo método, chamado de conjugative assembly genome engineering ou CAGE, assemelha-se a um playoff - uma hierarquia que vai reduzir a 16 pares, a 8, a 4, a 2 e, finalmente a 1 - com o vencedor de cada ronda possuindo mais codões TAA e menos TAG, explica Isaacs.

"Estamos a testar décadas de teorias sobre a conservação do código genético", disse Isaacs. "E nós estamos a mostrar à escala do genoma que somos capazes de fazer essas alterações."
Ansiosos por partilhar a sua tecnologia, publicaram os seus resultados quando a CAGE chegou à fase de semifinal. Os resultados sugerem que no final quatro estirpes eram saudáveis, apesar de a equipa ter montado quatro grupos de 80 alterações em segmentos de cromossoma que ultrapassam um milhão de pares de bases do DNA. "Encontramos uma grande dose de cepticismo no início, duvidando que poderíamos fazer tantas mudanças e preservar a saúde destas células", disse Carr. "Mas isso é o que temos visto."
Os investigadores estão confiantes de que se irá criar uma única estirpe em que os codões TAG são completamente eliminados. O próximo passo, dizem eles, é excluir a maquinaria da célula que lê o codão TAG - libertando o codão para um fim completamente novo, como a codificação de um ácido amino novo.
"Nós estamos a tentar desafiar as pessoas", disse Wang, "a pensar no genoma como algo que é altamente maleável, altamente editável."
Fonte: Science Daily

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Indirubina – a planta que pode ajudar no combate a cancros no cérebro

O ingrediente activo de plantas tradicionais chinesas, indirubina, pode ajudar na luta contra tumores cerebrais agressivos. De acordo com investigadores da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA, o composto bloqueia tanto a migração de células de glioblastoma quanto a de células endoteliais, prevenindo o aparecimento de metástases e a formação de vasos sanguíneos necessários para o tumor crescer.
A indirubina é derivada de plantas índigo. É o ingrediente activo do remédio fitoterapêutico chinês conhecido como Dang Gui Long Hui Wan, usado no tratamento de leucemia mieloide crónica. O glioblastoma multiforme é uma das formas mais comuns e letais de cancro de cérebro, com um tempo de sobrevivência médio de apenas 15 meses após o diagnóstico.
“Nós temos bons métodos para impedir o glioblastoma de crescer no cérebro humano, mas essas terapias acabam muitas vezes por falhar porque as células do tumor migram do local original para crescer em outras partes do cérebro”, explica o professor de neurocirurgia E. Antonio Chiocca, investigador do estudo. “As nossas descobertas sugerem que a indirubina oferece uma nova estratégia terapêutica para esses tumores”.
Sean Lawler, um dos responsáveis pelo trabalho publicado no jornal Cancer Research, afirma que é a primeira vez que alguma droga produzida a partir destas plantas mostrou aumentar a sobrevivência de pacientes com glioblastoma. A importância dá-se principalmente pelo facto de que o composto actua de duas maneiras: impedindo a invasão de células cancerígenas no corpo e inibindo a angiogénese.
Para chegar a estes resultados, os investigadores usaram linhas de células de glioblastoma múltiplo e dois modelos animais para examinar três derivados de indirubina. Quando as células foram transplantadas para um hemisfério do cérebro de ratos, a indirubina fez com que os animais sobrevivessem mais do que os do grupo de controlo e não houve migração de células cancerosas para outro hemisfério. Além disso, a indirubina diminuiu a densidade e o crescimento dos vasos sanguíneos.

Fonte: Ciência Diária

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Factores relacionados com a mortalidade infantil

A probabilidade de que um bebé nascido nos Estados Unidos morra no primeiro ano de vida é menos de 1/3 do que era há 50 anos. No entanto, entre bebés de mães que nasceram nos Estados Unidos os índices de mortalidade são em torno de 40% mais altos do que entre bebés nascidos no país de mães não nativas.
A nova avaliação, de um recente relatório da U.S. Centers for Disease Control and Prevention, analisou o número de mortes de crianças (média para cada 1.000 nascidos vivos em 2007) de mães asiáticas, negras, das Américas Central e do Sul, cubanas, mexicanas, porto-riquenhas e brancas.
Mães de ascendência africana que nasceram nos Estados Unidos tiveram de longe os mais altos índices de mortalidade infantil (13,37 mortes por mil nascimentos). Os índices mais baixos ficaram com as mães de origem asiática ou de ilhas do Pacífico que tinham nascido no exterior (4,25 por mil nascimentos).
Dos 4,3 milhões de crianças nascidas nos Estados Unidos em 2007, 30.852 morreram antes de completar 1 ano (cerca de 7/1000) – uma fracção da mortalidade infantil global, que anda em torno de 45 por 1.000 nascimentos. As crianças correm mais risco de morrer dentro dos primeiros 27 dias de vida. As causas mais comuns de mortalidade infantil nos Estados Unidos foram malformações, seguidas de baixo peso ao nascer e parto prematuro.
Um estudo anterior revelou que mães da cidade de Nova York nascidas em outros países também tiveram índices mais baixos de mortalidade infantil do que mães nascidas nos Estados Unidos. Os autores do estudo, Kai-Lih Liu e Fabienne Laraque (ambas do Departamento de Saúde da Cidade de Nova York), propuseram que, em vez do “efeito imigrante saudável” (segundo o qual pessoas que se mudam para os Estados Unidos são mais saudáveis que a média), há a probabilidade de que outros factores de saúde materna – que incluem dieta, cuidados pré-natais, estímulos stressantes de longo prazo e exposição a ambientes de risco – contribuam mais amplamente para essas tendências de sobrevivência infantil.
“Melhor saúde na pré-gestação, redução de gravidez não intencional, consultas sobre cuidados com crianças e necessidades de segurança têm de receber atenção específica” em certas populações, avisam Liu e Laraque.
E um relatório recente do Institute for Health Metrics and Evaluation da Universidade de Washington mostra que mulheres com mais anos de escolaridade também ostentam índices mais baixos de mortalidade infantil.

Fonte: Scientific American

terça-feira, 19 de julho de 2011

Explicada a variabilidade na eficácia dos cocktails anti-HIV

Um novo modelo matemático para as drogas contra o HIV revelou a biologia por detrás da variabilidade do sucesso de tais tratamentos. A infecção com o HIV era uma sentença de morte até à introdução de cocktails multidrogas, mas a eficácia diferencial das combinações sempre foi um enigma. A pesquisa, publicada na revista Science Translational Medicine, poderá ajudar a refinar as terapias para o HIV e outros vírus, como o da hepatite C.
Aumentar ligeiramente a dose de alguns medicamentos contra o HIV pode ter um efeito profundo, se essas drogas estiverem a atacar vários alvos. “A constatação de que mais balas podem matar mais alvos pode parecer óbvio”, diz o investigador Robert Siliciano da Johns Hopkins University. Mas essa constatação necessita de uma mudança no pensamento sobre uma ideia muito antiga: a relação entre a dose de uma droga e seu efeito.
Durante séculos, a eficácia de uma droga foi vista com base naquilo a que se chama de curva dose-resposta. Esta relação, muitas vezes assume uma forma sigmóide quando representada graficamente. Mas em 2008, a equipa do Dr. Siliciano observou que a inclinação do "S" varia de acordo com as diferentes classes de drogas contra o HIV. Um declive gradual significa que o aumento da concentração da droga gradualmente melhorou a resposta. Mas uma ladeira muito íngreme significa que pequenos aumentos na concentração de uma droga poderiam acabar com muito mais moléculas-alvo. "As diferenças encontradas são – de várias ordens de grandeza", afirmou ele.
“Por exemplo, o aumento da dose dos inibidores de protease mais eficazes, drogas que bloqueiam uma proteína do HIV que cliva as diferentes peças para a montagem do vírus, pode torná-los biliões de vezes mais poderosos contra o vírus”. Mas o aumento da quantidade do medicamento AZT, que ataca a maquinaria do vírus que traduz o material genético, pode produzir um efeito apenas 10 vezes maior do que a menor dose.
Aumentos incrementais na dose que produzem uma grande melhoria na sua resposta é um fenómeno que normalmente acontece com as drogas que atacam uma molécula-alvo em vários locais, um efeito conhecido como ligação cooperativa. No entanto, o HIV tem apenas um local que as drogas podem bloquear, por isso mais do que uma droga não tem que ser necessariamente mais eficaz. No entanto, os pesquisadores perceberam que em determinados momentos do ciclo de vida do HIV, existem tantos vírus ou maquinarias virais para atacar que as drogas apresentam cooperatividade, não para muitos locais numa molécula mas sim para muitos alvos.
"Não era óbvio", diz Siliciano. "Olhando para a concentração da droga que provoca 50 por cento de inibição é um pensamento muito linear. Mas o vírus replica-se de forma exponencial. Cada célula infectada liberta vírus suficientes para infectar mais 10 células. Então nós tivemos que adaptar o nosso pensamento a essa realidade ".
O novo modelo tem também em conta que alguns fármacos entram na “batalha” durante partes do ciclo de vida do HIV apenas quando a infecção é interrompida se um número crítico de alvos forem mortos. A equipa testou o modelo através da criação de vírus possuíam um número de locais de ligação diferente do que é habitual, tais como os vírus que não controlam o seu número habitual de proteases. Quando a equipa infectou células renais com estes vírus alterados e foram calculadas as curvas de dose-resposta, os declives obtidos eram diferentes daqueles obtidos para o HIV normal. Quando o vírus alterado apresentava menos enzimas-alvo para a droga, o vírus era inibido com uma dose mais baixa.
Os conceitos descritos no novo modelo não só fornecem explicações sobre o combate ao HIV, mas também podem ser aplicados a outros vírus, como hepatite C, afirma o pesquisador e médico Steven Deeks da Universidade da Califórnia, em San Francisco, que é co-autor de um comentário sobre o novo trabalho. "O HIV é uma máquina de replicação", diz Deeks. "Ele muda constantemente e o sistema imunitário é ineficaz em controlá-lo. Dada a eficácia que o vírus apresenta, nunca se entendei porque é que estas combinações de drogas têm sido utilizadas há tanto tempo". "A matemática por detrás disto é tão densa", afirmou. "Finalmente consegui entendê-la.”

Fonte: Science News

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Motores de busca substituem a nossa memória

É oficial. A internet tornou-se parte de nossa inteligência. Para a maioria de nós, a resposta para qualquer coisa encontra-se a algumas teclas de distância. Recentemente, uma equipa de psicólogos nos EUA forneceu evidências de que as nossas mentes se tornaram dependentes da internet quando queremos encontrar a resposta para uma pergunta. O estudo, efectuado pela equipa da dra. Betsy Sparrow, da Universidade de Columbia foi publicado na revista Science.
Foi também demonstrado que nos lembramos melhor de onde podemos encontrar uma determinada informação do que essa própria informação. A um grupo de estudantes da universidade de Harvard, sem acesso à internet, foram dadas perguntas para responder com um "sim" ou "não". Uma pergunta difícil poderia ser algo do género: "Um olho da avestruz é maior do que o seu cérebro?"
O estudo utilizou um truque muito aplicado por psicólogos, o chamado efeito Stroop. Imediatamente após a colocação das questões, foram mostradas aos alunos palavras escritas a vermelho ou azul e eles tinham que dizer qual a cor da palavra. O tempo de resposta foi medido.
Se a palavra colorida foi recentemente pensada pelaissossoa ou é importante para eles, então ela interfere com o processamento da cor e o tempo de identificação da mesma é ligeiramente mais longo. Os pesquisadores incluíram palavras como "Yahoo" e "Google" no seu teste de Stroop. Observaram que o processamento destas palavras foi mais lento do que outras palavras, como nomes de marcas comerciais, particularmente para os alunos a quem foram dadas questões mais difíceis.
Foi concluído os pensamentos de 'googling' estavam na mente dos alunos, enquanto eles tentavam responder as perguntas. "Quando as pessoas não sabem as respostas às perguntas, pensam automaticamente na internet como o lugar para encontrar as respostas", afirmou a dra. Betsy.
Numa segunda experiência, os participantes receberam uma lista de 40 afirmações e foi-lhes pedido que as escrevessem no computador. A metade foi dito que as informações seriam guardadas, enquanto a outra metade foi dito que seriam eliminadas. Depois de completar a tarefa, todos os participantes foram instruídos a anotar as afirmações que se lembravam. Os pesquisadores descobriram que aqueles participantes a quem foi dito que o que escreveram seria apagado se lembraram de mais do dobro das informações do que o outro grupo.
"Os participantes, aparentemente, não fizeram esforço para se lembrar quando pensaram que mais tarde poderiam olhar para as declarações que tinham lido", afirmam os investigadores. Sparrow acha que a internet está a ser usada como uma forma de "sistema de memória transacional" - uma loja de informação fora de nosso próprio cérebro, a que podemos aceder.
Numa experiência separada, Sparrow mostrou que as pessoas são muito melhores em lembrar qual a pasta do computador onde determinada informação foi armazenada do que a própria informação. "Esta é uma evidência preliminar de que quando as pessoas esperam que as informações permaneçam disponíveis, como acontece com a internet, estamos mais propensos a lembrar-nos onde encontrá-la do que recordar os detalhes de um item," afirmou.
Sparrow vê nesta situação uma analogia com os velhos sistemas de memória transacional mais velhos, tais como livros, arquivos e memórias de outras pessoas. "No outro dia eu perguntei ao meu marido [fã de basebol] qual era a última pessoa a ter 3.000 tacadas no basebol, e agora não me consigo lembrar quem era. Isto porque eu posso semp
re pedir-lhe novamente."

Fonte: ABC Science

domingo, 17 de julho de 2011

Evidências fortes de que a lua gelada de Saturno possui um oceano de água salgada

Amostras de vaporização de gelo da lua de Saturno Enceladus, recolhidas durante uma passagem da aeronave Cassini revelam evidências fortes da existência de um oceano subterrâneo de água salgada, afirma um novo estudo internacional efectuado pela Universidade de Heidelberg em colaboração com a Universidade do Colorado. A nova descoberta foi efectuada durante a missão Cassini-Huygens a Saturno, uma colaboração entre a NASA, a Agência Espacial Europeia e a Agência Espacial Italiana. Lançada em 1997, a nave chegou a Saturno em 2004 e desde lá tem pesquisado o planeta e o seu vasto sistema solar.
O vapor de água e as pequenas partículas de gelo lançadas no espaço foram originalmente descobertas como sendo provenientes de Enceladus, uma das 19 luas de Saturno, em 2005.
Durante três das passagens de Cassini pela Enceladus, em 2008 e 2009, o Cosmic Dust Analyser (CDA) existente a bordo detectou a composição dessas partículas. As partículas geladas atingiram o detector a velocidades que atingiram até 11 milhas por segundo, vaporizando-se instantaneamente. O CDA separou os constituintes das nuvens de vapor resultantes, permitindo a sua análise.
O estudo revelou que os grãos de gelo encontrados longe da Enceladus são relativamente pequenos e pobres em gelo. No entanto, os encontrados mais próximos dessa lua apresentavam um tamanho maior e uma composição rica em sal. “Não é plausível a produção de um fluxo de grãos ricos em sal a partir da superfície sólida da Enceladus, mas sim de água salgada sob a sua superfície”, afirmou Frank Postberg, da Universidade da Alemanha, principal investigador no estudo que foi publicado na revista Nature. “Este trabalho indica que as partículas pobres em sal são projectadas do oceano subterrâneo através de fendas na lua a velocidades superiores às partículas maiores e ricas em sal”, referiu Sascha Kempf, co-autor do artigo.
Segundo os investigadores, as partículas ricas em sal têm uma composição semelhante à do oceano, o que indica que a maioria, se não todas, são uma consequência da evaporação de água salgada, ao invés de líquido da superfície gelada da lua. Quando a água salgada congela lentamente o sal é “espremido", originando-se água pura. Se as nuvens foram provenientes do gelo da superfície, deveria haver muito pouco sal nelas, o que não era o caso. A equipa de investigação acredita que a cerca de 50 km abaixo da crosta da superfície de Enceladus existe uma camada de água, entre o núcleo rochoso e o manto gelado, que é mantida no estado líquido por forças gravitacionais de maré (criadas por Saturno e outras luas vizinhas, bem como por calor gerado pelo decaimento radioactivo).
"Este estudo sugere que quase todos os grãos de gelo da Enceladus têm origem a partir de um oceano de água salgada que tem uma superfície de evaporação muito grande evaporação", disse Kempf. O sal das rochas dissolve-se na água, que se acumula num oceano líquido sob a crosta gelada, de acordo com os autores do estudo. Quando a camada mais externa da crosta Enceladus abre fendas, o reservatório é exposto ao espaço. A queda de pressão faz com que o líquido evapore em vapor, originando grãos de gelo salgado.
"Enceladus é uma lua que apresenta minúsculos grãos de gelo localizado numa região do Sistema Solar exterior, onde era esperado não existir água líquida, por causa da sua grande distância do sol", disse Nicolas Altobelli, cientista do projecto ESA da missão Cassini-Huygens. "Esta descoberta é, portanto, revela novas evidências que mostram que as condições ambientais favoráveis ​​para o surgimento da vida podem ser sustentáveis em corpos gelados que orbitam planetas gigantes gasosos".

Fonte: E! Science News

sábado, 16 de julho de 2011

Navios de recolha de energia das ondas podem produzir electricidade mais barata e limpa

Navios preparados para recolher a energia das ondas e armazená-la em pilhas podem no futuro produzir electricidade a partir dos oceanos mais barata do que a que é actualmente produzida a partir das ondas. Para isso, os navios teriam que navegar para locais adequados, ancorar e começar a gerar electricidade a partir da energia das ondas. Quando as suas baterias estivessem completamente carregadas eles voltavam para a praia e alimentavam a rede eléctrica.
“Ao contrário dos dispositivos convencionais de produção de energia a partir de ondas, os navios não precisariam de cabos submarinos para se ligar à rede eléctrica”, referiu Andre Sharon, da Universidade de Boston e do Centro Fraunhofer para a Inovação e Produção, também em Boston. Estes cabos normalmente custam mais de US $ 500.000 por km e representam uma fracção significativa do custo da electricidade convencional gerada por ondas.
Os navios de 50 metros de comprimento efectuariam a recolha da energia das ondas através de bóias ligadas aos seus lados por braços basculantes. Enquanto o casco permanece relativamente estável, as bóias mover-se-iam para cima e para baixo sobre as ondas, fazendo com que os braços basculantes accionassem um gerador para produzir até 1 megawatt de energia eléctrica. As baterias estão previstas para ter uma capacidade de 20 megawatt-hora, pelo que os navios teriam de permanecer no mar por pelo menos 20 horas para uma carga completa. Sharon apresentou o conceito na Clean Technology Conference 2011 and Expo, em Boston.
“Ao contrário dos dispositivos convencionais, o mecanismo de geração de energia não terá de suportar as tempestades severas, pois os navios poderiam ser mantidos em terra durante o mau tempo. Geradores de energia de ondas preparados para lidar com ondas extremamente grandes teriam que ser construídos, o que aumenta substancialmente o seu custo”, afirmou Sharon. Os custos poderiam ser cortados ainda mais pela adaptação de navios existentes, que poderiam ter os seus próprios motores ou ser rebocados para o mar e para trás.
Sharon produziu um protótipo 3D a partir de 3D printing, e testou-o num tanque de ondas. Ele calcula que o sistema deve gerar electricidade a um custo de US $ 0,15 por kWh. Esse valor é significativamente mais barato do que a energia dos sistemas existentes, com um custo entre US $ 0,30 e $ 0,65 por kWh. Comparativamente, a energia eólica offshore custa cerca de $ 0,15 a US $ 0,24 por kWh, enquanto que a energia solar custa cerca de US $ 0,30 por kWh.
Mark Jacobson, director do programa da atmosfera e energia da Universidade de Stanford em Palo Alto, Califórnia, apelidou a ideia de "muito criativa". Ele observa que, ao contrário de electricidade a partir de muitas outras fontes renováveis, a energia das baterias pode ser retida e utilizada em momentos em que existem picos de procura eléctrica.

Fonte: New Scientist

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Imagem da Idade do Gelo de mamute ou mastodonte encontrada na Florida

Foi encontrado um osso com uma imagem gravada de um mamute ou de um mastodonte. O osso foi descoberto em Vero Beach, por James Kennedy, um coleccionador de fósseis, que guardou o osso e, mais tarde, enquanto o limpava, descobriu a imagem gravada.
Reconhecendo a sua potencial importância, J. Kennedy contactou os cientistas da Universidade da Florida, Instituto de Conservação do Museu Smithsonian e do Museu Nacional de História Natural. “Trata-se de uma descoberta incrível”, afirmou Dennis Stanford, antropólogo do Museu Nacional de História Natural Smithsonian e co-autor do estudo. “Existem centenas de representações em cavernas e ossos na Europa, mas na América não – até agora”.
O osso fossilizado é um fragmento de um osso grande de um animal de grande porte, provavelmente de um mamute ou mastodonte.
“Os resultados desta investigação são um excelente exemplo de um trabalho interdisciplinar e de cooperação entre cientistas”, referiu Barbara Purdy, da Universidade da Florida e principal responsável pela investigação. “Existia um cepticismo considerável acerca da autenticidade da incisão no osso, até ele ser exaustivamente analisado por arqueólogos, paleontólogos, antropólogos forenses, engenheiros de materiais e artistas”.
Um dos principais objectivos da equipa de investigação foi a determinação da altura da gravação – era antiga ou tratava-se de uma gravação recente a imitar a arte pré-histórica? O osso foi recolhido perto de um local, Old Vero Site, onde ossos humanos foram encontrados junto de ossos de animais da Idade do Gelo, numa escavação no início do século 20. As equipas de trabalho examinaram a composição elementar do osso e de outros encontrados em Old Vero Site. Também recorreram a microscopia óptica e electrónica, que revelou que não existiam descontinuidades na coloração entre as curvas gravadas e o material circundante. Isto indicou que ambas as superfícies envelheceram em simultâneo, ou, seja, a gravação não era recente.
Considerada genuína, esta peça rara fornece provas de que as populações que viviam na América durante a última Idade do Gelo criavam imagens artísticas dos animais que caçavam. A gravura tem pelo menos 13000 anos, uma vez que esta é a data da última aparição destes animais na América do Norte Oriental.

Fonte: Science Daily

quinta-feira, 14 de julho de 2011

“Lutas de jaula” entre micróbios passam o teste de Darwin

Se se colocarem duas espécies de micoorganismos numa placa de Petri, concerteza não se irá ver um combate entre elas a olho nu. No entanto, observando ao microscópio, uma guerra acesa está a ocorrer. Se os organismos utilizarem a mesma fonte de alimento e o mesmo espaço para proliferar, existirá uma competição intensa de forma a que uma espécie provoque a extinção da outra. Os cientistas que estudam este tipo de fenómenos baseiam-se numa ideia proposta por Charles Darwin em 1859, no livro “A Origem das Espécies”. Darwin defendia que, quanto mais próximas as espécies são, maior será a competição entre elas.
O ecologista Lin Jiang, do Georgia Institute of Technology, Atlanta, abordou o assunto através de micoorganismos unicelulares, de forma a tirar a limpo se a hipótese de Darwin estava correcta. “Pode olhar-se para um ecossistema maior”, afirmou Jiang, “mas no terreno há sempre factores de distracção, e a co-existência de duas espécies torna-se dependente de muitas outras coisas”. Um predador, por exemplo, pode interferir com o sistema, matando uma das espécies. Portanto, Jiang criou um sistema no laboratório recorrendo a protistas, seres unicelulares que se alimentam de bactérias.
Foram escolhidas 10 espécies de protistas – algumas próximas umas das outras e outras distantes – e emparelharam-nas em 45 possíveis combinações. Cresceram cada par em ecossistemas simples, designados por microcosmos. Estudaram os microorganismos durante 10 semanas, recolhendo amostras todas as semanas, de forma a determinar a prevalência de cada espécie de protista. Após as 10 semanas, mais de metade dos microcosmos apresentavam apenas um único tipo de protista sobrevivente.
Quando a equipa de Jian analisou e comparou os dados recolhidos, tendo por base a relação entre as diferentes espécies testadas, descobriu que a hipótese de Darwin estava correcta. De facto, quanto mais próximas eram as duas espécies de um dado microcosmos, maior era a probabilidade de no final das 10 semanas apenas restar uma das espécies. Este trabalho foi publicado na revista Ecology Letters.
Marc Cadotte, ecologista da Universidade de Toronto, afirmou: “Este trabalho vem finalmente suportar uma das maiores hipóteses de estudos antigos. Perceber de que forma as espécies competem é importante para o conhecimento acerca de como se renovam habitats, se evitam espécies invasoras, se mantêm os ecossistemas naturais, e como se aumenta a biodiversidade de uma determinada área”.

Fonte: Science/AAAS

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Neutrinos do Big Bang

Entrevista com Lawrence Krauss, director do Projecto Origens e co-diretor da Cosmology Initiative da Universidade do Estado do Arizona.
A ideia: As relíquias mais famosas que sobraram do Big Bang são as microondas que existem em todo o cosmos. No entanto, essa radiação cósmica apareceu quase 400.000 anos após o nascimento do universo, e muito do que aconteceu antes ainda permanece misterioso. Por outro lado, os neutrinos foram criados apenas um segundo ou mais após o Big Bang, e uma média de mais de 150 ainda devem preencher cada centímetro cúbico do universo. "O fundo cósmico de neutrinos tem sinais directos do como era o Universo nos seus primeiros momentos”, explica Krauss. Esses neutrinos poder-nos-iam dizer muito sobre o que aconteceu naquela época, se os conseguíssemos detectar directamente.
O problema: Os neutrinos são extraordinariamente difíceis de detectar, pois raramente colidem com átomos. Esses neutrinos antigos são ainda mais difíceis de detectar, e tais partículas de baixa energia interagem menos com qualquer matéria. "Um desses neutrinos pode viajar, provavelmente, um milhão ou 1 bilião de anos-luz antes de interagir com alguma matéria", explica Krauss. “Para detectá-los precisamos de um detector do tamanho de uma estrela ou até mesmo do tamanho da nossa galáxia."
A solução: Embora essas relíquias do Big Bang possam ser muito difíceis de detectar directamente, o cosmólogo Roberto Trotta e os seus colegas descobriram que, colectivamente, a atracção gravitacional desses neutrinos influencia o desenvolvimento do Universo, com efeitos de ondas neste mar primordial dos neutrinos visíveis na radiação cósmica.
Os cientistas estão também a tentar desenvolver outras maneiras de detectar essas partículas antigas. O físico teórico Andreas Ringwald da DESY, sugere a realização de experiências com elementos radioativos como o trítio. "Uma ideia maluca como essa precisa de soluções igualmente radicais", conclui Krauss.

Fonte: Scientifica American

terça-feira, 12 de julho de 2011

Taxa de mutação em humanos é mais lenta do que se pensava

Más notícias para os fãs dos X-Men… É capaz de demorar mais do que o previsto a formação de um novo conjunto de super-humanos mutantes. As primeiras determinações das taxas de mutação em humanos revelaram que a velocidade a que diferentes gerações acumulam alterações de um pare de bases é muito inferior ao inicialmente imaginado.
O trabalho, publicado na revista Nature Genetics, revela também que alguns indivíduos sofrem mutações mais rápido do que outros. Isto significa que será mais comum herdar um número diferente de mutações de cada progenitor.
“Todos sofremos mutações”, afirma um dos co-autores do estudo, Philip Awadalla, da Universidade de Montreal. “E a velocidade de mutação pode ser extraordinariamente variável de indivíduo para indivíduo”.
Combinando os resultados obtidos com outros trabalhos prévios, foi proposto que em média existe a mutação de um par de bases em cada 85 milhões, por geração, através de erros na replicação do DNA durante a formação do óvulo e/ou do espermatozóide. Este valor significa que cada criança herda em média 30-50 novas mutações. Trabalhos anteriores tinham proposto uma taxa de mutação que era mais do dobro do que a agora apresentada.
A razão por detrás da variabilidade nas taxas de mutação permanece por esclarecer. Factores genéticos podem tornar alguns indivíduos mais susceptíveis a sofrerem mutações, ou podem potenciar a acção da maquinaria de reparação de mutações que nós possuímos nas nossas células. Factores ambientais e a idade dos pais na altura da concepção podem também influenciar a taxa de mutação, afirmou Peter Keightley, da Universidade de Edinburgo. Mais estudos são necessários, de forma a serem caracterizados os mecanismos subjacentes a esta variabilidade.

Fonte: Science News

segunda-feira, 11 de julho de 2011

O futuro carregado através de nano-filmes

Imagine que era capaz de carregar o seu SmartPhone devido a estar a enviar uma SMS.
Apesar de parecer ficção científica, é este o potencial de nano-filmes piezoelétricos que convertem o movimento em cargas eléctricas, afirmam cientistas Australianos.
A equipa do Dr. Madhu Bhaskaran, da Universidade RMIT e da Universidade Nacional da Austrália, mediu o potencial piezoelétrico de nano-filmes, de forma a este poder ser utilizado como fonte de energia para pequenos dispositivos electrónicos. Esse estudo foi publicado no jornal Advanced Functional Materials.
“Com o crescente interesse em energias alternativas, temos que encontrar formas mais eficientes de alimentar os microchips, que são os blocos de construção de toda a tecnologia que nos rodeia”, afirmou o Dr. Bhaskaran. “A piezoeletrónica poderia ser utilizada, por exemplo, em sapatilhas de corrida para carregar telemóveis. Ou então, poderia permitir o carregamento de computadores portáteis através da utilização do próprio teclado. Mais, poderia permitir o carregamento dos pacemakers através da utilização da pressão sanguínea.” O seu potencial de aplicação é infindável…
O processo deve ser simples…
Os dispositivos electrónicos já possuem actualmente chips integrados que se encontram revestidos com filmes finos, pelo que a integração de filmes piezoelétricos nesses chips será um processo simples.
Para avaliar a criação de voltagem, os investigadores cobriram um substrato de silicone com filmes finos (700 e 1400nm de espessura) baseados em chumbo, e aplicaram-lhes forças muito pequenas (0,1-2,5 mN). Seguidamente, criaram umas “nano-ilhas” de 200-400nm, de forma a investigar se as superfícies texturadas permitiam criar mais energia do que as contínuas. Apesar de a geometria planar não ter influência na criação de voltagem, as superfícies texturadas permitiram um aumento da corrente gerada.
Foram obtidos valores de voltagem até cerca de 40 mV, e correntes eléctricas de cerca de 200 pA. Para uma força aplicada de 5 mM, a potência eléctrica obtida pelos nano-filmes foi de cerca de 250 mW. Este valor representa cerca de 10X menos energia do que a necessária para a utilização de um SmartPhone, por exemplo, portanto o próximo passo será tentar amplificar a energia eléctrica gerada, de forma a poder ser integrada nesse tipo de dispositivos eléctricos.

Fonte: ABC Science